No mercado de Fundos Imobiliários (FIIs), um fenômeno que desperta atenção é o ajuste do preço das cotas em relação à distribuição de dividendos. O que se observa com frequência é que o preço das cotas de FIIs tende a se ajustar para que a distribuição de dividendos fique próxima de 1% ao mês. Mas por que essa taxa de 1% é considerada ideal por muitos investidores?
Para muitos investidores de FIIs, receber 1% de dividendos ao mês representa uma meta atrativa de retorno. Essa expectativa está fortemente enraizada no mercado devido a alguns fatores históricos e culturais, especialmente no contexto econômico brasileiro. Aqui estão algumas razões pelas quais o percentual de 1% se tornou uma referência:
Comparação com Outras Formas de Renda Fixa: Em grande parte da história recente, o Brasil manteve taxas de juros elevadas. Aplicações conservadoras, como CDBs e títulos do Tesouro, ofereciam retornos atrativos de cerca de 1% ao mês, criando uma expectativa no investidor de que esse seria o "padrão" mínimo aceitável para outros tipos de investimentos, incluindo FIIs. Apesar da queda dos juros em alguns períodos, esse número se manteve como um parâmetro psicológico importante.
Retorno Acima da Inflação: Em um ambiente inflacionário como o brasileiro, buscar um retorno acima da inflação sempre foi uma prioridade para os investidores. A taxa de 1% ao mês é vista como um retorno que, historicamente, conseguia superar a inflação, oferecendo um ganho real para o investidor. Com inflação muitas vezes alta, os investidores ajustam suas expectativas para garantir que o retorno dos FIIs esteja compensando a perda de poder de compra.
Rentabilidade Consistente: O dividendo de 1% ao mês se traduz em 12% ao ano, o que é um retorno interessante para investimentos de renda passiva. É uma porcentagem que, para muitos, representa um equilíbrio ideal entre risco e recompensa, considerando que FIIs têm menor volatilidade em comparação com ações, mas ainda assim oferecem retornos mais elevados que a poupança ou títulos públicos em períodos de juros baixos.
Uma característica peculiar dos FIIs é o ajuste do preço das cotas conforme os dividendos distribuídos. Quando os dividendos de um FII ficam abaixo de 1% ao mês, é comum que o preço da cota caia, para ajustar o retorno percentual e alcançar esse patamar. Da mesma forma, quando o FII começa a pagar mais de 1%, o preço da cota tende a subir, reduzindo a taxa de retorno até ela se aproximar de 1%.
Isso acontece porque o mercado "precifica" os fundos de acordo com a expectativa de retorno mensal. Se o retorno cai para 0,7%, por exemplo, muitos investidores passam a considerar o fundo menos atrativo e vendem suas cotas, o que força o preço a cair até que a taxa de dividendos seja novamente ajustada para perto de 1%. Por outro lado, quando os dividendos sobem acima de 1%, o aumento da demanda pelas cotas leva o preço a subir, até que a rentabilidade retorne ao "padrão" desejado pelo mercado.
O Brasil historicamente lida com períodos de inflação alta, o que influencia diretamente as decisões de investimento. Durante esses momentos, os investidores buscam ativos que ofereçam um retorno capaz de compensar a perda de poder de compra. O "alvo" de 1% ao mês nos FIIs está, em muitos casos, ligado a essa busca por retorno acima da inflação.
Quando a inflação está alta, os investidores tendem a exigir maiores retornos para compensar a desvalorização da moeda. Isso pressiona o mercado de FIIs, forçando o ajuste das cotas para alcançar retornos que compensem a inflação. Por outro lado, em ambientes de inflação controlada e juros baixos, como o que foi visto no Brasil em certos períodos, a tolerância por rendimentos menores aumenta, fazendo com que o "ajuste automático" do mercado de FIIs seja menos agressivo.
Embora o retorno de 1% ao mês tenha se tornado um padrão para muitos investidores, isso não significa que seja um valor fixo ou universalmente aceitável. O valor justo para um FII depende de muitos fatores, como a qualidade dos imóveis, a segurança dos contratos de aluguel, o gestor do fundo e as perspectivas do setor imobiliário em que o fundo atua. Assim, embora a busca por 1% ao mês seja uma regra prática usada por muitos investidores, não é necessariamente o único indicador de um FII saudável ou de uma boa oportunidade de investimento.
Acompanhar a distribuição de dividendos e entender o comportamento das cotas é fundamental para tomar boas decisões no mercado de FIIs. Com o FiiAlerta, você pode monitorar de perto as informações liberadas pelas administradoras dos seus FIIs e receber análises de todos os documentos gerenciais, o que permite avaliar melhor o desempenho de cada fundo em relação ao mercado e ajustar sua carteira conforme necessário. Isso facilita a identificação de oportunidades em que o preço das cotas está desalinhado com os dividendos pagos, permitindo que você aproveite momentos de compra ou venda favoráveis.
O comportamento do mercado de FIIs em torno de 1% ao mês de dividendos reflete uma combinação de fatores históricos, psicológicos e econômicos no Brasil. Embora essa meta seja vista por muitos como o retorno desejável, é essencial entender que o preço das cotas se ajusta dinamicamente com base na distribuição de dividendos. Monitorar de perto esses ajustes, especialmente em tempos de inflação, pode ajudar o investidor a tomar decisões mais informadas e estratégicas.